Ontem, 6, aconteceu a estreia mundial do longa Loving Pablo, do diretor Fernando
León Aranoa, com Javier Bardem, no papel de Pablo Escobar e Penélope Cruz, na
pele da jornalista Vírginia, que se apaixonou pelo chefe do narcotráfico colombiano. A
produção não agradou nos cinemas em Lido. Uma das principais críiticas é a
fotografia que lembra bastante as produções de telenovelas.
O roteiro também tem uma esrutura novelesca e extremamente explicativa. O filme se passa na maior parte na Colômbia e com excessão aos protagonistas, os atores de apoio são colombianos, o que até dá certo alicerce, mas o não empolga. Uma das opções feita na produção do longa foi utilizar a língua inglesa com sotaque colombiano, o que beira ao caricato. León Aranoa diz: “Mantivemos as emoções e energia dos personagens. Não acredito que isso se perca por causa da língua”.
Bardem, também produtor do filme completa: „Decidimos filmar em inglês por um
questão de mercado. É mais fácil consumir filmes com títulos em inglês, mas se assim
o é, temos culpa nisso por não consumirmos mais produções em outras línguas.“
O filme tenta mostrar não só um Pablo amoroso, mas também mostruoso – do pai
carinhoso ao chefe impiedoso do tráfico. Os protagonistas se desdobram para
apresentar um Pablo humano, mas isso não acontece. O idioma do filme associado à
algumas palvras/expressões em espanhol dão um ar de telenovela, além da fotografia do longa e dos ângulos utilizados reforçam o tom novelesco.
É Bardem quem tenta a todo custo humanizar Pablo através de seu inglês com “sotaque colombiano”, mas fica no meio do caminho. A história acontece através da narrativa de Vírginia, a jornalista com quem Pablo teve um caso amoroso.
As cenas violentas, brutais e envolvidas em sangue parecem ser gratuitas,
desvalorizam o enredo e não conseguem fisgar o espectador. Já nas primeiras cenas, a
sensação é de assistir uma produção para TV. As cenas tem tons escuros e densos
quando ocorrem nas comunidades ou em momentos tensos ou de decisões, mas não
convencem. O que poderia ser visceral se torna banal.
A elogiadíssima Narcos, da Netflix, com Wagner Moura, tem um outro enfoque e não
dá para comparar os dois diferentes Escobar. Tanto Wagner, quanto Javier levam
crédito por isso, mas que é difícil assistir Loving Pablo em inglês, isso é.
Na coletiva Bardem menciou que „o animal preferido de Pablo era o hipopótamo“. Baseado nessa informação ele utilizou o animal como refêrencia para dar vida ao personagem, o que
garante algum mérito. Já Penelope Cruz embora envolta nos figurinos de Virgínia, não deslancha.
Loving Plablo foi exibido na mostra fora de competição e arrancou poucos aplausos durante a sessão para imprensa. É longo e não convence. É morno.