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Renata Siqueira

The Sister Brothers, um faroeste cheio de camadas; Um filme sobre amor


Joachim Phoenix, em The Sister Brothers (2018), de Jacques Audiard

O longa do diretor Jacques Audiard, The Sisters Brother (2018), é um faroeste e segundo o diretor “é um filme de amor”. Caubói que chora quando seu cavalo morre ou que sofre por um amor não concretizado ou por ter sido abandonado em filme de faroeste. Pode isso? Tais sentimentos podem até existir em filmes de faroeste, mas não lembro ter os visto. Esses são alguns dos elementos do roteiro do Western do diretor francês.


Com um elenco trabalhando a serviço da história, o filme transita por elementos de contos de fadas. Perguntado quais são suas influências de filmes de faroeste, Audiard respondeu que “tem poucas referências no gênero e buscou contar a história da sua maneira em parceria com Thomas Bidegain“, que também assina o roteiro. Joachim Phoenix, John C Reilly, Jake Gyllenhall e Riz Ahmed estrelam o longa.


Morris (Gyllenhall) que está à procura de Warm (Ahmed) a mando do comendador é o ponto de partida da narrativa. O que parece ser uma busca por recompensa,

o que é comum em filmes do gênero, transcende em um narrativa bem delineada. A

música é assinado pelo premiado Alexander Desplat e dá contornos ao longa que

envereda por diferentes caminhos a partir do momento em que os personagens vão se

encontrando. É notável como esses homens buscam, de certa forma, conforto ou

repouso, além de recompensa. A rispidez das locações e a sensibilidade dos diálogos se

mesclam e apresentam personagens críveis dentro desse gênero. A moralidade

desses persongens está em confronto entre fazer o que se acha justo e o que foi

mandado.


Os caubóis são movidos pelo interesse em fazer fortuna, mas a profundidade e

iluminação desses homens se dá pelo fato de em determinado momento se deparam

com a questão do porque querem ganhar dinheiro e o que farão depois de ficarem

ricos. Embora matem uns outros, a dinâmica cai com uma luva. A sintonia dos quatros

atores que utilizam técnicas diferentes de intrepretação são somadas as exigências do

diretor. “Foi um processo ótimo. Embora Jacques entenda inglês muito bem, todas as

conversas em set foram feitas em francês. Por isso precisamos de tradutor, o que nos

dava tempo para repensar nas perguntas e consequentemente obter as respostas”,

brinca John C Reilly.


Em conferência de imprensa na estreia do filme em Veneza, em 2018, o diretor foi perguntado sobre a igualdade de gênero na industria cinematográfica e, Reilly respondeu que “curiosamente, na frente das cameraso elenco é masculino, mas isso não quer dizer que não há existência igualdade. A maioria das pessoas envolvidas na produção são mulheres.” Já o diretor disse “que é preciso ter mais transparência na seleção de filmes para festivais, saber quem os seleciona e, que é não é uma questão de igualdade, mas de justiça.”


Por vezes, torcemos para que “irmãos Sister” não encontrem Morris e Warm, mas

quando isso acontece o longa tem uma reviravolta . A cena final surpreende, mas a

cada minuto na segunda metade do filme a narrativa deixa claro qual é o final que

filme vai ter. O filme percorre a busca de algo que a América não encontrou em

meados de 1850 e, ao que tudo indica, ainda procura.

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