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Humberto Moureira

"Rosalie" refuta parâmetros de beleza no século XIX em drama francês


Rosalie © 2023 Tresor Films - Gaumont - LDRPII - Artémis Productions

Em Rosalie, da diretora e roteirista Stéphanie di Gusto, uma mulher guarda um segredo. Será que o seu marido a vai aceitar após descobri-lo na noite de núpcias? A cineasta francesa capta a essência de como a sociedade rege para o que foge à regra em 1870 e traça paralelos com os dias atuais. Rosalie é um filme inspirado em fatos reais e faz um retrato sensível e ao mesmo tempo potente sobre uma mulher barbada.

Logo no começo da obra vemos cães e caçadores prontos para atirar em uma rena que atravessa um lago. Minutos depois, o animal agoniza e é abatido com um mais tiro. Dali sabem os para Rosalie está os levando. Numa cena seguinte vemos a pata do animal sendo atirado aos cães famintos. Com uma excepcional apresentação de personagens, o trabalho está na mostra Um Certo Olhar e concorre a Palma Queer, mas essa não é a primeira vez d diretora em Cannes. A dançarina (2016) foi exibida nessa mesma mostra e continuou inédito no Brasil em 2019.


"Eu gosto muito do desenvolvimento da história e dos personagens", disse a jornalista cultural Barbara Théate na saída do cinema. "O segredo de Rosalie é rapidamente revelado ao espectador, mas o que faz com que a acompanhemos a narrativa é a maneira como a história se desenvolve", completa ela.


O desenrolar dos fatos é contado sem afobação ao longo de 1h55 e a realizadora os apresenta longe de esteriótipos. É primorosa a interpretação da atriz Nadia Tereszkiewicz como protagonista. No elenco está o excepcional Benoît Magimel, como o marido Abel, que se casa sem conhecer o segredo da jovem. Ele ganhou o prêmio de melhor ator no festival francês Lumiere por Pacification (2022), de Alberto Serra.


Quinzena de Cineastas

Un Prince, de Pierre Creton desperta os sentidos do espectador para o significado do que vemos na tela e os seus desdobramentos e o que ouvimos através da palavra. Os poucos diálogos travados entre os personagens criam uma atmosfera poética que através do texto narrado, bastante comum no cinema no francês, faz da palavra o carro-chefe. O desabrochar da obra está na imprevisibilidade das profissões dos personagens que delineiam seres humanos imperfeitos com vontades, fragilidades e cheios de desejo. Através de caçadores, um florista e um apicultor o universo rural se projeta como zona erógena. A botânica e sexualidade florescem na produção que concorre a Palma Queer.

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