A mostra Panorama do 68º Berlinale, que acontece de 15 a 24 de feveireiro na capital
alemã, tem onze filmes confirmados sobre a curadoria de Paz Lázaro em colaboração
com Michael Stütz e Andreas Stuck. A mostra que carrega a temática Desobediência –
Corpos Políticos, Resistência ao Machismo é também marcada por grande presença da
América Latina e apresenta três documentários brasileiros.
No documentário Bixa Travesty (Tranny Fag) o corpo trans femino carrega um
significado político tanto no espaço público quanto no privado. O olhar do duo que
assina a direção, Kiko Goifman e Claudia Priscilla, entrega um perfil humano e não
menos carismático da cantora Linn da Quebrada que desconstrói o conceito de
macho alfa, reflete a questão de gênero e se utiliza da extraordinária presença de
palco da artista.
Ex Pajé, de Luiz Bolonegsi, mostra o iminente etinocídeo dos indígenas Paiter Suruí
que vivem no bacia amazônica. A narrativa mostra um pajé catequisado que se volta
aos espíritos que havia abadonado na tentativa de manter a identidade cultural.
O documentário alemão Zentralflughafen THF (Central Airport), dirigido por Karim
Aïnoz traz à luz o dia a dia dos refugiados nos hangares do desativado aeroporto
Tempeholf, em Berlim. Enquanto eles sonham em chegar aos seus destinos as suas
rotinas são registradas através do olhar do diretor brasileiro.
Ainda poderá ser visto na mostra Panorama Obscuro Barroco, um poema
cinematográfico da diretora grega Evangelia Kranioti. O documentário que foca em
Luana Muniz (1961- 2017), ícone da subcultura queer, perambula por um Rio de
Janeiro de extremos permeados por conflitos políticos, pelo carnaval de máscaras e por corpos
que passaram por transformações e que não possuem uma definição de masculino ou feminino.
Se 2017 foi o ano do Brasil nos festivais de cinema, o cenário não parece ser
desfavorável para o país do futebol em 2018. Só primeiro trimestre do ano passado
mais de 25 filmes brasileiros foram exibidos em Sundance, Roterdã e no Berlinale.