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Humberto Moureira

Berlinale: “Bixa Travesty” proporciona discussãoe conquista plateia na capital alemã


Bixa Travesty, com direção de Kiko Goifman e Claudia Priscilla, foi muito bem

recebido pelo público em sua estreia mundial durante o Berlinale. O filme não é sobre

Linn da Quebrada, mas com a cantora e é ela que dá textura ao caldo na discussão

sobre gênero.


O longa de Goifman e Priscilla tem como centro de observação o

gênero atavés de um corpo político e a desconstrução do machismo. O roteiro foi

escrito pelo diretores e pela cantora . A dramaturgia é costurada através de shows de

Linn, bate-papos com Liniker e Jup do Bairro, além de imagens de arquivos pessoal.


O filme passa pela discussão sobre uma pessoa trans e os preconceitos sofridos pelo

feminino. Sem o objetivo de resolver os problemas enfretados pelas trans dentro da

própria comunidade LGBTQ, o filme traz à tona reflexões sobre a transexualidade e

coloca luz sobre temas que são levados para baixo do tapete, mas não o faz com

profundidade. Embora Linn cumpra o seu papel com esplendor, falta voz de trans que

não trabalhem no meio artístico para dar um contraponto e amarrar o roteiro.


Perguntada como se sente por ser a voz dissonante no país, alguém da platéia sugere

Linn para presidente do Brasil, o que gera gritos de „Fora Temer“ . Em sua resposta a

cantora afirma que „não é a voz dissonante no país, mas um eco dessas vozes“.


Na discussão que se segue Priscilla afirma que „a expectativa de vida de uma pessoa

trans é de 35 anos, já a de um brasileiro em geral é de 70 anos“ e que „o Brail encabeça

a lista de um dos países que mais matam pessoas trans no mundo, além de ser um dos

maiores consumidores de pornografia trans“ e "daí surgiu a necessidade de abordar o

assunto".


O longa mistura ficção e realidade, mas nem os diretores e nem a cantora

respondem o que é fantansia e o que é realidade. Ainda no debate após a projeção,

Linn, que é uma artista de raciocínio rápido e palavras afiadas dispara „Eu não nasci

homem. Eu nasci com um pinto. Nós não precisamos descontruir o homem,

precisamos descontruir o machismo. Você pode ser um homem feminino. E no final

das constas o que é masculino ou femino: É falar baixo, é ser fraco, é ser contido? Eu

estou em processo de criação, mas para criar é preciso destruir.“


O longa compõe a mostra Panorama, dentro do Berlinale, que tem a curadoria de Paz

Lázaro e está sendo apresentado ao lado de outros filmes basileiros como Ex Pajé, de

Luis Bolognesi e Tinta Bruta, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher.



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