O Berlinale aconteceu um pouco mais tarde esse ano. Os visitantes assíduos sabem que
o festival termina sempre uma semana antes do final do mais curto mês do ano. Em
2018, o término da corrida pelos ursos foi marcada para 24 fevereiro e permite a
possibilidade de assistir no domingo, 25, o que foi perdido ao longo dos 10 dias anteriores.
No ano passado nesse mesmo dia já estávamos roendo as unhas e sofrendo de curiosidade pelas próximas 48 horas para conhecer os ganhadores do Oscar 2017, que aconteceu no dia 26. A Berlinale apresentou 400 filmes e 19 destes fizeram parte da seleção oficial competitiva. Não foi um corrida tão acirrada quanto em 2017, e as apostas foram bastante certeiras.
Desde de 1951 a mostra competitiva é o coração do festival, mas sem artérias, sangue e
cérebro não há coração que sobreviva. As mostras paralelas como Panorama, Fórum e
Generation funcionaram como veias que entregaram o fluído que fez eles coração
pulsar e a curadoria é cérebro do festival.
Se comparado ao ano passado o festival manteve o sucesso de público. Em 2018 foram vendidos cerca de 330 mil ingressos, o que representa uma queda de 4000 ingressos, mas não é nenhum número alarmante para um evento de cinema que dura 11 dias. Já participantes profissionais da indústria cinematográfica e jornalistas passou do número de 21 mil e originário de pelos menos 130 países.
O Internationale Filmfestspiele Berlin, assim como outros festivais internacionais não
se tornou mais político, a estes cabe o papel ter um boa curadoria e assim, exibir bons
filmes. " Quem deve (ou não) ser político é o cineasta que conta uma história e decide
como a conta", segundo Dieter Kosslich.
Com os mais diferentes formatos, duração e linguagens possíveis o Berlinale se mostra
um festival aberto ao pensar e ao debater. Transexualidade, refugiados e identidade
semearam o festival, temas que permitiram debates produtivos e importantes para se
viver em sociedade, mas também não faltaram gritos de “Fora Temer” após a exibição
do documentário O processo, de Maria Augusta Ramos, sobre o processo contra a ex presidente Dilma Rousseff.
Duas ótimas surpresas: Las Herederas, de Marcelo Martinessi, ganhador do Urso de Prata e que sob vários aspectos é um filme que se faz
necessário e, Touch me Not, primeiro filme da romena Adina Pintilie, um filme que
mistura a documentário com ficção, que trata de masturbação, nudez e orientação
sexual. O longa de Pontilie vai ser odiado ou amado durante a temporada desse ano. Não é um filme para meio termo.